Archive for the ‘Mr. Ichiro’ Category

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O Fantasma que Rondava ou os Arquivos em Branco

novembro 3, 2008

A partir de hoje abrem-se os mapas do inconsciente,
O passado (anônimo como deve ser)
é uma decisão curiosa de resposta ao mundo,  e, portanto,
traz o presente — seletivo como é — àquelas coisas que poderiam ser como não são;
portanto,
Vede: indico e recordo (portanto não me lembro)
E o relógio que lá dormia

Sonhava que era 1:

Fragmentamos Deus com expectativas que equivalem a regras do jogo bastante xadristas, já que todas as peças tornam-se falsos Reis (a coroa já não é mais óbvia, posso servir-me: estão as torres e os cavalos na dupla contingência do medo social, em disputa pelo legado e a Rainha, outrora cíclica e metafisicamente retilínea, têm a construção invertida – olá e adeus, Gambito Rousseau!) por meio de parcializações ou abstrações excessivas, e o fato de que os bispos jazem desencantados e já nem sorriem mais tanto faz com que rumem à levezas surreais (e é por isto que estão assim, com as testas enrugadas: uma metáfora singela de suicidas egoístas — afinal que sociedade é esta, sem heróis?, — explicados pelo fim anômico) ou à imobilidades kármicas,
… uma peregrinação zombeteira de recorrência eterna,
onde aparentemente há significados,
(em segredo eu e você sabemos dos processos algorítmicos)
como se esse gazebo de analgésicos não fosse
um instrumental aleatório,

afinal a linguagem encontra-se não entre a pieguez de um entre a cruz e espada, mas sim entre a quase libertinagem de unir íntimos intragáveis à comunicação e uma função normativa consensual (ou é uma questão de sentido e instinto não-instintivo?):
– São generalizações, por conseguinte incertezas
E todas as palavras — no fundo fábulas de nossas vaidades — foram caladas junto ao silêncio do tic-tac da norma:
(xeque-mate mútuo)

basta evocarmos demandas com vazios semânticos (e parece ser a época) que esquecemos que as realidades edipianamente protegidas do como-se são neuroses que compõem a
Identidade,
… e que diabos isto vem a ser, pode até ser um cacto, ou uma esotérica reação neuroquímica boiando em uma
cuia,
mas é mais provável que seja mesmo uma fórmula pacata,
o casamento do primeiro e do segundo grau a levar consigo a terrível nota de rodapé da seleção das espécies:
(pulemos esta parte de definições por que é muito menos elegante do que deveria: um observador observando o observado, observado que também é observador e, construindo o observado e portando o observador, observam, uns aos outros, sem observar as próprias observações, sem saberem que não sabem que não sabem) dentre tantas outras possibilidades — outras sortes de curas, de sapatos novos, de dinheiro e de coisas que seriam uma bobagem qualquer, exceto se não fossem, irônica e fundamentalmente, o mundo — só assim, reconhecendo a vil verdade sobre o ser humano,

(e parece ser só aí que se comunga além das coisas amenas, eu ia mesmo pensando nisso enquanto lia, nas entrelinhas de um seníl e pretensioso jornal, as alegorias de um anúncio do tipo ‘veja as peças em cartaz’ — e qualquer escrita assim soa matreira estando entre o fatalismo sombrio do obituário [então o universo badalou quatro vezes em um contrato musical que assinamos quase sem querer, compondo  as partituras das nossas necrologias em sí e mí, um início estranho e bonito; então percebi que toda essa cadência de bemóis, menores ou sustenidas – ou imaginárias, simbólicas e reais – eram forçosamente dispostas em tons estrangeiros, como se houvesse uma belíssima ordem, a se desvendar, na aleatoriedade complexa e desfigurada que escolhi chamar de “confluências de vaidade“:
achamos o sagrado rito da obediência e chegamos na maturidade das posses – sociais – e consequentemente das etiquetas,
onde passamos a exigir coreografias bastardas nas quais nos profissionalizamos.
EM-Cs!,
e assim se formou a verossimilhança de um argumento que a humanidade considerou suficiente… 

e os efeitos foram mesmo de uma 

interessantissima vileza, que eu não deixaria de considerar perspicaz – encontramos meios de extender a vida e decidimos que alguns de nós a desfrutaríamos, a maioria naturalmente apenas nos seus últimos anos {depois de terem sido bastante sugados, abatidos e automatizados}, com a condição de que tivessémos um bocado de sorte e um mérito obscuro de nunca sairmos da linha; e trabalhávamos, ilógicamente, mais. conhecíamos menos {o que está dentro, quem está ao redor e o todo que compõe o que é de fora} e passamos a perecer, miseravelmente famintos, aos pouquinhos. então a obviedade de que violências simbólicas tornem-se grandiloquências sensuais foi mesmo uma progressão consentida, surpreendente, dificilmente questionável de forma não leviana] e manchetes da Lei e da Ciência que me parecem distantes das prioridades,  “Como reformar os suportes da Quinta Filial” — ainda que mesmo assim eu não saiba, ao certo, quando começam as escolhas e quando terminam as pequenas teatralidades, tão corriqueiramente sopesadas e tão serpentinosamente confiáveis, tal qual a simpática espécie bíblica que tenta-com-maçãs simplesmente para denunciar a

fragilidade

da existência humana)

é que há paixão legítima, pautada em quantos de nós soam, uns aos outros, como desconhecidos monologando sobre quão especiais os ritos de passagem são na exata medida de um saturado e não-aromático determinismo ou numa elegante teoria poética da liberdade (feito pontas de um semi-circulo):

Sendo assim, comida pré-pronta ou animal livre no pasto
(e a tensão aqui gerada entre universalismo e relativismo se dá enquanto se é servido à mesa, com coentro e ademais; pena que colocaram tanto e não me agrada) me pergunto que legitimidade é submeter-se ao que,
(…)
(os olhos cerraram em um legalismo daltônico)
e a realidade, em uma transpiração que soou similar a um hara-kiri dos rápidos,
expandiu-se feito alguns poucos tons pastéis (limites de nossas categorias),
como fênix embriagada por tintas secas:
Façamos desse redescobrir o mundo uma desconstrução apaixonada, girando.
vertiginosamente.
buscando precedentes super-homens feito monstros ou crianças desavisadas, nas translações desse ardil carrossel em movimento: Livre-se do não-essencial.
(caindo)
Prepare-se para lidar com tudo aquilo que não for (enquanto se vê cair)